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A pequena ilha, extremamente dependente da China, tanto por sua localização geográfica, quanto pela sua história, prova ao mundo que o controle de um vírus emergente pode ser alcançado por meio da ciência, tecnologia e governança democrática.

Do histórico do país com epidemias
O planeta luta e tenta desenvolver estratégias contra o Covid-19. Diante de um novo vírus, especialistas em doenças infecciosas e funcionários do governo se preparam para implementar medidas para controlar e mitigar seus danos. Vários governos asiáticos foram elogiados por seu controle relativamente bem-sucedido da primeira onda da epidemia: Cingapura, Coréia do Sul e Hong Kong. O que ficou de fora na discussão é que Taiwan alcançou o combate ao COVID-19. Mais curioso ainda é que o país não é membro da OMS. Nenhum dado explícito de Taiwan foi mostrado nos briefings diários da OMS sobre a pandemia.
Batido duramente pela epidemia de SARS em 2003, que matou 73 pessoas em Taiwan e afetou outras 346, Taiwan empreendeu sérios preparativos para uma futura epidemia que poderia chegar. Assim, o país ficou hiper vigilante quando o primeiro caso de pneumonia misteriosa foi relatado em Wuhan, na China.
Em 20 de janeiro, Taiwan estabeleceu uma Central de Controle de Epidemias (chamada de CECC), composto por especialistas em medicina e saúde pública, liderado pelo vice-presidente Dr. Chen Chien-jen, um epidemiologista bem respeitado e liderado pelo Dr. Shi-Chung Chen. Vigilância, rastreamento de contatos e isolamento com quarentena foram implementados imediatamente. Taiwan conseguiu manter uma baixa contagem de casos por meio de medidas vigorosas de saúde pública. Não houve nenhum encerramento de teatros, lojas de departamento e, mais importante, escolas, apesar de grandes reuniões serem desencorajadas.
Taiwan viu uma onda de casos em março, principalmente entre estudantes ou expatriados que retornavam da Europa e da América do Norte. Enquanto exercia pressão adicional no sistema, uma quarentena rigorosa foi executada. Hoje, um total de 80.000 pessoas estão isoladas e monitoradas com verificações diárias de temperatura e sintomas, que são rastreadas por telefone. Se os dados de GPS do telefone de uma pessoa em quarentena indicarem movimento fora de um determinado intervalo, uma ligação telefônica de acompanhamento será feita para confirmar a localização da pessoa.

Como Taiwan começou
Taiwan iniciou os testes COVID-19 em janeiro. No início, os testes eram aplicados a pessoas que retornavam da área epidêmica ou a pacientes sintomáticos com histórico de viagem relevante. Quando houve um aumento no número de casos nos países asiáticos vizinhos, as autoridades de saúde fizeram uma triagem retrospectiva dos pacientes relatados como tendo uma gripe grave. Isso identificou o primeiro caso sem histórico de viagem (verificou-se que o paciente era um motorista de táxi que havia dado carona a um passageiro de Zhejiang, China, outra região epidêmica). O CECC ajustou rapidamente seus critérios de vigilância e testes com base no desenvolvimento da epidemia. Mais recentemente, todos os pacientes que relatam perda do olfato ou paladar são obrigados a serem testados.
Outro fator que ajuda é o contraste com a China. Sua demografia de pacientes é muito mais jovem (com idade mediana de 32), com mais mulheres do que homens (57 a 43%). É importante notar que apenas 49% dos pacientes apresentaram febre, enquanto 37% apresentaram rinorréia (comumente referida como coriza). Apenas 7% dos pacientes apresentaram pneumonia total.
Além de exigir um distanciamento físico de mais de 1 metro em público, a partir de 1º de abril, as máscaras faciais se tornaram obrigatórias ao se usar o transporte público. Já em janeiro, o governo de Taiwan aumentou a produção de máscaras faciais e outros equipamentos de proteção individual (EPI), além de suprimentos médicos essenciais. Planos sofisticados foram mapeados para triar pacientes para melhor utilizar as salas de pressão negativa, em preparação para qualquer aumento de pacientes adquiridos na comunidade.

Depois de controlada a pandemia no país

Os taiwaneses são cautelosos e otimistas. Tiveram casos esporádicos adquiridos pela comunidade sem histórico de viagens ou contatos.
Combater o coronavírus foi um esforço completo da ilha. O CECC lidera o esforço com uma coordenação muito eficaz entre agências governamentais. Uma “frota de combate a epidemias” foi montada pelo Departamento de Transportes para pegar passageiros que retornam de áreas epidêmicas para facilitar o rastreamento de contatos. Os aplicativos foram desenvolvidos para otimizar a compra de máscaras faciais. Como o vírus pode sofrer uma mutação rápida, as agências também respondem rapidamente.
Além das rigorosas medidas de saúde pública, há grandes esforços para desenvolver diagnósticos no ponto de atendimento e ensaios de anticorpos, na esperança de avançar na ciência e identificar melhor os pacientes.
A próspera indústria biomédica de Taiwan está participando do desenvolvimento de terapias e vacinas. O silmitasertib (CX-4945) é um candidato promissor que está sendo investigado no momento.
Taiwan não é apenas um farol da democracia, mas também a prova viva de que o controle de um vírus emergente pode ser alcançado por meio da ciência, tecnologia e governança democrática. Nada mais que isso. Claro que não por ser pequena, a ilha possui maior facilidade de controle de sua população do que um país continental como o Brasil, mas é de se admirar a sinergia entre as áreas em prol a resolução e combate ao problema.

Este texto foi baseado no artigo “How Taiwan Battles the Coronavirus” do site “The diplomatic”.
Créditos da foto: The China Post

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