Após atravessarmos aquela que foi considerada a pior crise econômica do país, vitimada muito mais em função da política do que de problemas estruturais, é possível dizer que vivemos um momento de recuperação econômica.
Essa retomada convive, no entanto, com um ambiente de profunda instabilidade, muito em função das eleições de outubro. O que se espera é que o resultado das eleições ajudem a solidificar o movimento de recuperação, oferecendo mais certezas e garantias no campo econômico.
A indefinição a respeito dos candidatos e candidaturas que dependem de decisão judicial, mostram que a disputa pelo cargo máximo da nação continua aberta. Mesmo assim, muitos dos possíveis concorrentes já são conhecidos do eleitorado. Quem também está de olho nisso são os investidores, que precisam levar em conta o impacto que cada possível cenário teria em suas aplicações.
Para os analistas, o principal desafio do próximo presidente é corrigir o desequilíbrio fiscal dos cofres públicos, reduzindo gastos e aumentando a eficiência da gestão. A ideia é que medidas assim tornam o país mais atrativo aos investimentos e permitem um crescimento sustentável.
Portanto, candidatos que tenham esse perfil são vistos com bons olhos pelos agentes financeiros. Dessa forma, as maiores expectativas do mercado são depositadas em nomes mais ao centro e que pretendem adotar uma política econômica de viés liberal.
Os rumos que a economia poderá tomar em cada caso indicam também o comportamento esperado da bolsa de valores. Por isso, as previsões de analistas dão conta de que a eleição de Lula ou um de seus pares acarretaria em uma queda no índice da bolsa, o Ibovespa.
Situação semelhante foi observada em 2002, quando o petista venceu as eleições. Um mês antes da votação, quando sua vitória já era indicada pelas pesquisas, o receio dos investidores institucionais fez com que o índice despencasse 17%. Recentemente, a confirmação de sua condenação em segunda instância foi suficiente para provocar uma alta de 3,72% na bolsa, recorde para um único dia em um ano.
Cenário semelhante é projetado no caso de vitória de Bolsonaro, que aparece em segundo lugar em diversas pesquisas. Afinal, candidatos que não apoiarem seus programas econômicos na necessidade de controle das contas públicas dificilmente conquistarão o apreço dos investidores da bolsa.
A esperança desses investidores é que a alta taxa de rejeição desses que são considerados políticos tradicionais pese na disputa. Isso daria espaço a candidatos que possuem planos econômicos mais alinhados com a realidade do mercado, o que se traduziria em maior estabilidade na bolsa de valores.
As pesquisas de intenção de voto são uma tradição em nossa cultura eleitoral. Seus prognósticos costumam causar reflexos na economia, que se projeta de acordo com os candidatos mais bem cotados. Isso quer dizer que elas servem como excelentes termômetros para medir o aquecimento do mercado, ajudando o investidor a traçar os planos para cada cenário.
No momento, as indefinições tornam difícil a missão de identificar os rumos da economia em 2018 por meio das pesquisas. Além das pesquisas de intenção de voto, é possível se valer de estudos com foco no mercado financeiro visando desenvolver as estratégias para esse ano. Na visão dos investidores institucionais, os melhores cenários para a economia se desenharão com a vitória de um candidato com perfil reformista.
Também interessam aos investidores aqueles candidatos que visam se cercar de nomes qualificados em seu governo, buscando se livrar das amarras da política tradicional. Por isso, quanto mais terreno esses postulantes à presidência ganharem na corrida, mais favorável o mercado se tornará para quem investe.
Apesar de muitas questões ainda precisarem de resposta, está claro que as eleições ainda mexerão muito com a economia em 2018.