“Brasil e Argentina têm presidido uma desvalorização maciça de suas moedas. O que não é bom para nossos agricultores”, afirmou o Presidente norte-americano em postagem no Twitter. E agora?
Entenda o fato
O novembro surpreendeu no quesito câmbio no Brasil. Há alguns meses o Focus (relatório do BACEN) previa um dólar fechando a 3,70 neste ano.
Porém, na última sexta-feira, o dólar fechou a R$ 4,2397, em alta de 0,57%, acumulando valorização de 5,73% no mês de novembro. No ano, tem alta de 9,43% frente ao real.
Com o dólar forte e todos os acontecimentos no mercado global, naturalmente as moedas dos países emergentes sofrem desvalorização. Porém, para o Presidente Trump houve mais que uma influência orgânica do mercado: “Brasil e Argentina têm presidido uma desvalorização maciça de suas moedas. O que não é bom para nossos agricultores. Portanto, com efeito imediato, restaurarei as tarifas de todo o aço e alumínio enviados para os EUA a partir desses países”.
Tal fato acontece também em função da fala do Ministro da Economia, Paulo Guedes, em apresentação na última semana nos EUA. Em sua fala, o Ministro afirmou que o dólar não recuaria, alegando fatores econômicos para isso. O fato não parece ter convencido Trump.
Resposta brasileira
Bolsonaro vai ligar para Paulo Guedes e pedir uma conversa com Trump. Segundo o presidente brasileiro há apenas um mal entendido no mercado.
As exportações de semimanufaturados de ferro e aço, para os Estados Unidos, somaram US$ 2,57 bilhões de janeiro a novembro deste ano, contra US$ 2,95 bilhões no mesmo período do ano passado.
Por se tratar de um forte setor de exportações brasileiras e por se tratar de um grande mercado consumidor, uma medida de defesa comercial nessa altura do campeonato só agrava o problema brasileiro de fazer a economia girar o mais breve possível.
Da taxa de câmbio
O relatório Focus prevê para o final do ano um dólar a 4,10 em novo reajuste enviado em seu relatório de hoje, 02/12. Com isso a projeção para 2020 é que a moeda não volte para menos que 4,00. Há possível previsão para recuo do dólar somente em 2022, quando também devemos ter uma Selic de volta aos 6,5% e um PIB de 2,5% de crescimento.
As especulações permanecem abertas sobre possível desvalorização.