O superávit comercial vem ganhando destaque nas mídias por todo país, mas por melhor que a notícia seja, temos que tomar cuidado ao analisar o mercado brasileiro de exportação.
Atualmente, o maior volume de movimentação está nas mãos de menos de 1,5% das empresas exportadoras, consideradas grandes empresas. A outra fatia está na mão da grande massa de empresas de pequeno e médio porte.
O problema é que as grandes normalmente são mais competitivas devido a estrutura, e porque também acabam vendendo muito entre as próprias empresas do grupo, já que praticmante todas as empresas grandes que exportam, são multinacionais.
Mas a pergunta é: o que pode ser feito para tornar as empresas exportadoras mais competitivas?
Várias são as possibilidades, mas podemos concentrar diversas ações em uma só política, que aqui no Brasil, infelizmente é pouco aplicada. Trata-se das Zonas de Processamento de Exportação (ZPEs).
As ZPEs no Brasil existem desde a década de 90. No entanto, só em 2007 a legislação foi atualizada e tornou a ZPE brasileira semelhante ao modus operandi da ZPE da China, por exemplo.
Mesmo assim, poucas são as ZPEs em funcionamento no Brasil, ou melhor, basicamente existe somente 1 operando regularmente: a de Pecém – Ceará.
E o que poderia tornar a ZPE uma política de incentivo às exportações no Brasil?
Diversos aspectos. Vejamos o ocorrido na China. Em 1990, o governo chinês iniciou uma política de expansão na implementação das ZPEs. Todas as regiões costeiras, e algumas no interior, se tornaram especialistas em alguns segmentos, o que deu origem a regionalização chinesa, conhecida mundialmente pelos profissionais que trabalham com esse país. Na prática, se você quer encontrar produtos eletrônicos na China, a região a buscar é Shenzhen, pólo industrial de tecnologia da informação e tecnologias diversas. Se você busca por produtos derivados do aço, vá a Tiajin, e assim sucessivamente. Ao todo, são 58 ZPEs em atividade na China, todas elas com mais de 15 anos de operação.
Tudo isso mudou a cara da China na exportação. Elevou o patamar da qualidade dos produtos locais, e de quebra, atraiu plantas produtivas do mundo todo para fabricar lá e apenas agregar a marca ao produto.
Uma ZPE pode oferecer diversos incentivos a empresa: tributação diferenciada, condição logística privilegiada, diferenciação de mão de obra com apoio de escolas e faculdades técnicas instaladas alí, facilidade nas operações de abertura, manutenção e fechamento de empresa, crédito para investimentos em melhorias e tecnologia, entre outras coisas.
Desta forma, uma política com alto impacto de condições, certamente faria muito bem ao Brasil e consequentemente a sua população, revertendo o ciclo de desindustrialização por qual estamos passando.
A diretoria.