Em março de 2020 voltamos ao patamar de 2018. Em pouco mais de 1,5 ano, recuamos. Como entender esse fenômeno? 3 fatores podem ajudar a compreender isso, e é sobre ele que vamos falar agora.
Do país
Nesta segunda-feira (9), a Bolsa de Valores de São Paulo (B3) teve suas negociações suspensas temporariamente após atingir 10% de queda pouco depois do início do pregão. Foi necessário acionar o circuit breaker, mecanismo usado também em 2018. Até aqui, são mais de 15% de desvalorização do real frente ao dólar. Quase o dobro da média global. Como explicar uma queda tão abruta em tão pouco tempo?
3 fatores
A começar pelo COVID-19, o Coronavírus. Já bastante controlado na China, o problema do vírus é que este se espalhou em todo o mundo. Na Europa, fechou e colocou áreas tradicionais em quarentena. Na Itália, país mais afetado até agora, praticamente o país está parado. Aqui no Brasil chegou com 1 caso, vindo da Itália, porém tem se espalhado para vários estados, sem nenhum registro de morte. Estimativa da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA, na sigla em inglês) indica que as companhias aéreas podem perder até US$ 113 bilhões (R$ 523 bilhões) em receita este ano devido ao impacto do vírus. Além desta perda, vários eventos ao redor do mundo estão sendo cancelados ou adiados. Além disso, empresas estão evitando colocar seus funcionários nos escritório e fábricas, causando recesso ou dedicando produção parcial. O prejuízo desses dois casos ainda é inestimável.
O segundo fator é o petróleo. A forte queda no preço do petróleo foi atribuída à decisão da Arábia Saudita de aumentar substancialmente sua produção e começar a oferecer em certos mercados descontos de até 20% nos preços do petróleo bruto. Embora a Arábia Saudita também tenha na mira as empresas petrolíferas americanas, os especialistas acreditam que sua nova política significaria a abertura de uma guerra de preços contra a Rússia, diante do reajuste de preços motivado pelo efeito COVID-19.
O terceiro fator é a falta de investimentos. Tanto o setor privado quanto o setor público brasileiro estão receosos com o atual momento. O primeiro, com mais certeza ainda, não irá investir a médio ou longo prazo diante de um cenário de recuo global da economia. O segundo (governo) adota política de rigidez fiscal desde janeiro de 2019, ou seja, dificilmente fará do governo um motor para puxar a economia, mesmo em um cenário ainda pior.
Somando os 3 fatores, temos um perfeito cenário de diminuição da nossa economia e fuga de capitais do mercado. Consequentemente, um aumento do dólar e uma incerteza maior no mercado, jogando a bolsa para patamares cada vez menores, bem como o mercado.
E daqui em diante?
Apostas estão sendo feitas, mas fato mesmo é que os governos precisam intervir ao menos no ambiente político. Os EUA já iniciaram esse movimento de tentar criar políticas anticíclicas para evitar maior desastre a sua economia. Aqui no Brasil, por hora, o Ministro Paulo Guedes tem apostado que as Reformas Administrativas e Tributárias, previstas para esse ano, devem ajudar a sanar o problema, ou minimamente diminuí-lo. Fato é que estão atrasados ambos os projetos, o que causa maior estranheza na situação até aqui e maior temor no mercado brasileiro, já que pouco se sabe sobre as estratégias a médio e longo prazo do governo.