Segundas impressões da Índia

Se as primeiras impressões da Índia eram um misto de sentimentos, as segundas são ainda mais divergentes. Assim como no primeiro artigo (15 dias atrás), muitas surpresas em relação ao mercado indiano. A mais interessante e que vamos destacar aqui: o potencial de crescimento deste país.

Da Índia
Por vários momentos a Índia já foi coadjuvante ou ator principal de artigos em nosso blog. Até então, os comentários tecidos sobre este mercado eram baseados em outros conteúdos ou relatos de visitantes que passaram pelo país. Desta vez, com os pés no território, fica notória uma maior propriedade para abordar temas e maior conhecimento empírico para discutir devidos pontos desse gigantesco e potente país.
Nossa ida a Índia vem a calhar no mesmo momento em que o Brasil (enquanto nação) também olha melhor para esse país. Corrobora com a ideia de que nossos governos estão se aproximando e que, ainda que já haja atuação bilateral, estamos aquém do verdadeiro potencial.
É importante mencionar que em novembro de 2019 destacamos fortemente o avanço da China nos investimentos no mercado indiano. Todo esse intenso movimento de olhar para a Índia de forma mais focada e direcionada não é por acaso. O país se tornará na segunda parte desta década, a maior população do planeta.
Não bastasse isso, o país carece ainda de estruturas simples para melhoria das condições de vida da sua população. Exemplos simples de melhorias e que gerarão um efeito de crescimento econômico são as obras públicas para melhorar a qualidade de vida do cidadão indiano. A construção de calçadas nas ruas, a melhor pavimentação das mesmas e o aumento do saneamento básico são 3 pontos que certamente serão melhorados em breve no país, gerando um efeito cascata positivo por lá.
Além destes, outros fatores também podem contribuir, os quais destacaremos a seguir.

Economia indiana
Além da maior população do mundo, destacamos ainda em maio de 2018 um estudo que revelava que a Índia, assim como a China, ultrapassaria a economia norte americana, se tornando a segunda maior economia do globo na década de 40 deste século.
Nessa viagem pude entender porque isso é perfeitamente possível. Primeiro porque há, como já mencionado, necessidades básicas na melhoria das condições de vida da população. Falta saneamento, estrutura logística, melhores sistemas de urbanização, melhor organização do trânsito e da mobilidade urbana. A globalização ultrapassou a Índia num fenômeno incrível. Ao mesmo tempo que uma cidade é chamada de Smart City no país, lhe falta calçada para que os pedestres possam caminhar em segurança nas ruas e avenidas. As condições de limpeza das cidades também não são boas. É bastante comum ver nas ruas e avenidas, lixos espalhados e jogados a céu aberto e falta de limpeza pública.
Por outro lado, há um grande fenômeno social acontecendo no país: a influência dos muçulmanos no mercado indiano. Esse fator foi relatado a mim por diversos empresários. Não há nem de longe preconceito no país em relação a religião, muito pelo contrário, a Índia é um país que recebe de maneira espetacular outras culturas e religiões, sendo talvez esse o grande forte do país: sua gente hospitaleira e amigável. Mas há que se destacar que o crescimento descontrolado da população muçulmana no país gera desconforto com a possibilidade de que a cultura originária do país seja perdida aos poucos. Diante disso, há um enorme esforço do atual governo, de promover e fortalecer a imagem do país como centro global do hinduísmo, preservando assim sua rica e colorida cultura.

Alguns pontos para fechar a análise
Essa economia que começa a florescer para o mundo oferece cenários bastante propícios ao desenvolvimento. Ao mesmo tempo que combina alta tecnologia à estudos de qualidade para formação de seus jovens (principalmente nas áreas de engenharia e TI), o país sofre com a alta população e más condições de vida, como já mencionado.
Não é difícil ir a um estabelecimento comercial e ver um número muito maior de colaboradores trabalhando do que se viria nos principais centros do mundo, inclusive no Brasil. Se num restaurante simples em São Paulo teríamos 5 garçons, na Índia teríamos 4x mais. Além disso, nas ruas há vendedores ambulantes espalhados por todos os lugares, vendendo coisas das mais diversas: de um cadeado já enferrujado a sapatos no final de vida.
Essa mão de obra farta oferece ao empresário capitalista um alto potencial de exploração e de competitividade que já não se encontra de maneira tão farta na China.
Se a infraestrutura melhorar no país e com essa mão de obra, somadas as boas práticas empresariais que o país já possui, está montado um cenário ideal para atração de investimentos externos no país.
Finalizando, o custo de vida é baixo, a oferta de alimentos é muito boa (dentro do ambiente vegetariano e vegano), as pessoas são extremamente amigáveis e o país é seguro. Esse ambiente acolhedor faz da Índia um enorme berço de oportunidades para o mundo. Basta se aprofundar!

Namaste!

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