GUERRA COMERCIAL: USA vs. CHINA

Na semana passada, a United States Trade Representative – USTR, publicou a tão aguardada lista de produtos chineses que serão objeto de sobretaxa na importação dos EUA. A média da taxa será de 25% sobre os produtos da lista.
Tal medida, como todos já devem ter lido ou ouvido, vem à tona em virtude das políticas industriais chinesas responsáveis pela violação dos direitos de propriedade intelectual norte-americanos – em especial, por meio de políticas de transferência forçada de tecnologia.
Isso deve afetar US$ 50 bilhões em negócios entre os países, e é resultado de uma investigação amparada pelo procedimento intitulado Section 301, iniciada em agosto de 2017.
A aplicação da sobretaxa será dividida em dois grupos de produtos: a primeira parte da lista contém 818 linhas tarifárias (equivalentes a cerca de US$ 34 bilhões) que serão, a partir do dia 6 de julho, alvo de sobretaxas no patamar de 25%; A segunda parte da lista, que contém 284 itens tarifários (equivalentes a US$ 16 bilhões), será objeto de processo de revisão e consulta pública, devendo resultar em uma determinação final contendo a indicação dos produtos que serão futuramente sobretaxados.
Estão incluídos na lista principalmente bens intermediários e de capital, em especial aqueles identificados como beneficiários da política industrial “Made in China 2025”.
Alguns produtos ficarão de fora da lista. São os chamados produtos sem similar nacional ou que precisam ainda ser importados da China. Para estes, será publicado em breve pelos EUA, o procedimento para realizar a importação sem a aplicação das sobretaxas.
Do lado de lá, os chineses anunciaram o contra-ataque. A primeira leva de tarifas contra as importações originárias dos Estados Unidos, equivalente a US$ 34 bilhões, deverá entrar em vigor a partir de 6 de julho também. Farão parte da lista uma grande variedade de produtos agrícolas, tais como carne de boi e de porco, peixe e mariscos, queijos, castanhas e vegetais, bem como outros produtos como whisky e automóveis. Além disso, o Ministro da Fazenda da China declarou que a medida dos Estados Unidos constitui uma flagrante violação das regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), além de ser contrária ao consenso alcançado nas negociações econômicas e comerciais empreendidas bilateralmente entre China e Estados Unidos.
O anúncio da contramedida pelo governo chinês desencadeou uma pronta reação do governo norte-americano, que instruiu o USTR a identificar um montante de US$ 200 bilhões em bens chineses para a aplicação adicional de tarifas no patamar de 10%.
E essa guerra comercial é tão importante que o mercado reagiu de maneira intensa nos últimos dias. Algumas oportunidades podem acabar surgindo para o Brasil, como por exemplo no aumento do volume de negócios na área dos alimentos, já que com a falta do suprimento norte-americano, os chineses podem passar a comprar mais do Brasil. Num ponto de vista mais negativo, tal acontecimento pode inflacionar o mercado de alguns produtos, dar instabilidade comercial e econômica aos países e por consequência refletir na nossa economia.
Vamos acompanhar.

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